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Brincar e aprender ao ar livre: conhecendo e explorando os espaços no entorno da escola

A criança aprende na brincadeira, e o que aparenta ser um gasto de energia, é uma ferramenta de extrema importância para o desenvolvimento cognitivo, emocional, social, intelectual e psicológico (Vygotsky, 1979). Neste sentido, destacamos que a conexão da criança com a natureza, por meio da brincadeira, é também muito importante para o seu desenvolvimento integral. As brincadeiras, aulas de campo e atividades ao ar livre, especialmente nas aulas de geografia, promovem além do contato com o mundo que a cerca, a estimulação da criatividade, a imaginação, a coordenação motora e permeia meios de inspiração para o trabalho com a responsabilidade ambiental.


Sendo assim, o brincar ao ar livre, torna-se uma prática essencial na vida das crianças. Prática essa, que desencadeia uma série de benefícios para o desenvolvimento. Explorar o ambiente natural, aumenta a relação social entre as crianças com a natureza, onde as mesmas têm a oportunidade de deixar fluir sua imaginação e criatividade de forma livre e ilimitada. Quando falamos de um brincar nas aulas de geografia, estamos nos referindo a uma atividade com intencionalidade pedagógica. Assim conforme Callai (2005), ao caminhar, correr, brincar, a criança está interagindo com um espaço que é social, ampliando o seu mundo, a visão dele e reconhecendo a complexidade do mesmo.


Neste post compartilharemos uma aula, que ocorreu no segundo ano do ensino fundamental, realizada na praça próxima a escola, e teve como objetivos: a vivência e o reconhecimento dos espaços do bairro, o desenvolvimento da lateralidade e de referenciais espaciais como: em cima, embaixo, dentro, fora. Além disso, destacaremos a importância e os benefícios do brincar ao ar livre. Esta aula contou com a colaboração e participação de alguns integrantes do Movimento de Escoteiros.


Uma prosa sobre a aula...


A aula começou com uma caminhada das crianças até a praça próxima a escola. Durante o trajeto, que foi curto, pudemos perceber diferentes tipos de moradia e estabelecimentos, como o posto de saúde, que é um ponto de referência próximo a escola.

Antes das crianças chegarem até a praça, os integrantes do Movimento do Escoteiro haviam preparado o espaço e organizando três atividades que envolviam o equilibro, a lateralidade e o uso dos sentidos. As crianças se dividiram em três grupos e fizeram o revezamento nas atividades.


Fonte:  próprio do site (2022)
Fonte: próprio do site (2022)

Uma das propostas foi o Slackline, que consiste em uma fita nylon resistente, que foi presa em duas árvores com uma distância de aproximadamente 10 metros. As crianças tiveram que atravessar de um ponto para o outro, o que exigiu equilíbrio, consciência corporal, concentração, coordenação motora, força muscular e coragem. No primeiro momento, algumas crianças se aventuraram e outras observam um pouco receosas. Mas, aos poucos foram se soltando e se abrindo para atividade, fazendo questão de ir mais de uma vez.




Fonte: próprio do site (2022)


A outra proposta foi a Falsa Baiana, que consistiu em cordas paralelas que foram presas entre duas árvores, uma corda ficou mais baixa, que serviu de apoio para os pés, e outra ficou mais alta, que serviu de apoio para as mãos, favorecendo a sustentação do corpo e o equilíbrio. O desafio foi de deslocar de uma árvore para a outra por meio das cordas e sem cair. Tal atividade envolveu a coordenação de braços e de pernas, força, equilíbrio e autoconfiança.



O Cordão de Ariadne foi outra atividade proporcionada, que consistiu em passar um barbante, de aproximadamente 20 metros, por um percurso envolvendo desafios para as crianças, que tiveram fazer caminho seguindo o cordão, mas de olhos fechados. Para seguir o caminho feito com o barbante, as crianças tiveram que contornar árvores, passar por debaixo do banco da praça, caminhar por cima de outro banco, andar por caminhos de grama e de concreto. As crianças também foram orientadas a partir de alguns comandos ou referenciais espaciais. Como estavam com os olhos vendados, o tato foi bastante explorado nas texturas das árvores, no toque dos pés e das mãos no chão ora áspero, ao tocar o concreto, ora macio, ao tocar a grama. Além disso, tiveram que desenvolver a confiança ao serem conduzidos pelas professoras, em filas e de olhos vendados.


Fonte: próprio do site (2022)


A empolgação foi tanta que ao final da aula todas as professoras também estavam se aventurando nas atividades, foi muito gostoso ver no rosto de cada um, crianças e adultos, a expressão de alegria.

Será que as crianças gostaram??


Fonte: próprio do site (2022)


Mesmo ainda não sendo totalmente alfabetizada, a criança, responsável pelo texto acima, levantou suas hipóteses de escrita e registrou a alegria da atividade vivenciada.


Esticando a conversa...


Conforme Santos e Moura (2021), não é somente o intelectual que devemos desenvolver nas crianças, o corpo em si, é um elemento mediador dentro do processo de aprendizagem que deve ser explorado, pois é através dele que os estímulos sensoriais, cognitivos e motores são desenvolvidos. Por isso, é muito importante que os professores trabalhem espaços diferentes e diversificados, de maneira que o ensino não fique limitado somente a sala de aula, garantindo assim uma interação maior e melhor entre indivíduos, com as experiências e vivências que o mundo proporciona.


O lugar, o espaço vivido, percebido e concebido, é o espaço no qual as crianças vivem, constroem seus conhecimentos, seja na escola ou fora dela, um local rico em relações sociais, experiências, aprendizagens e vivências a partir da corporeidade. O trabalho planejado com base na corporeidade, se encontra dentro da perspectiva humanista da Geografia.


Dentro da Geografia, podemos trabalhar o corpo em relação a noções espaciais de lateralidade e localização. Abaixo segue um vídeo que apresenta situações imaginárias do cotidiano, para que a criança use determinados referenciais espaciais. A ideia de compartilhar esse vídeo foi para inspirar você, professor(a), a criar situações reais e concretas nas quais a criança utiliza o seu corpo, observa e explora os espaços da escola. Os desafios reais e vividos pela criança contribuem de forma significativa na compreensão dos referenciais espaciais.


Fonte: Caderno da Professora - Noções Espaciais: Lateralidade. Youtube. Publicado em: 24 mar. 2021.


Criar situações concretas e ir além dos limites da sala de aula para trabalhar as noções espaciais elementares, pode ser também uma ótima oportunidade de se criar a conexão da criança com os espaços naturais e favorecer, em alguma medida, o "desemparedamento" infantil, conforme argumentam alguns autores.


Na sala de leitura ...


Pensando em contribuir com você professor, estamos disponibilizando o artigo Corporeidade e geografia escolar: reflexões sobre emparedamento x desemparedamento na/da aprendizagem, de Jéssica Bianca dos Santos e Jeani Delgado Paschoal Moura, publicado em 2021.


O texto discute como as mudanças sociais causadas pela urbanização têm levado parte das pessoas a ficarem "enclausuradas" em seus lares, locais de trabalho e escolas, o que vai contra a necessidade humana de interagir com o ambiente através do corpo. Na escola, esse "enclausuramento" intenso, tem levado à falta de experiências corporais, que são importantes para o desenvolvimento humano. Além de destacar, que o corpo também é essencial para o processo de aprendizagem, não apenas a mente.


As autoras, ressaltam como o "enclausuramento" dos alunos na escola limita a aprendizagem, já que as experiências sensoriais são parte importante do processo. E como solução para este, propõe a integração de mais experiências ao ar livre e atividades que envolvam a corporeidade na prática pedagógica, proporcionando interações sociais e experiências significativas para a compreensão do mundo.



Ao olhar a criança como um ser integral, cabe a todas as áreas do conhecimento escolar promover atividades que envolvam o movimento, o lúdico e a experiência em espaços que vão além dos limites da sala de aula.


Pense nisso! Explore o conteúdo vivo que está disponível no espaço da própria escola ou em seu entorno.

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