Fonte: própria do site
A geografia, como disciplina para os anos iniciais, oferece um caminho pelo qual podemos compreender e explorar a cidade como um espaço educador. Ao analisarmos a cidade sob uma perspectiva geográfica, podemos explorar e ler o mundo de uma maneira a identificar padrões espaciais, processos socioeconômicos e as interações humanas que moldam a paisagem urbana. Trabalhar a cidade com as crianças vai muito além do que estudar o local em que se vive e trabalha. Portanto, a cidade oferece um amplo e diversificado espaço geográfico onde os alunos podem explorar o real, diversidades, conceitos, estruturas, modos de vida, fenômenos geográficos, dentre outros aspectos que a geografia abrange.
Integrar a cidade em seus planejamentos, significa usar o ambiente urbano como uma ferramenta de aprendizado, de forma a promover o entendimento de como se dá a organização de uma cidade, explorando todos os processos que a moldam, analisando suas paisagens culturais e investigando questões ambientais. Como por exemplo, os alunos podem observar os bairros, os meios de transporte, o mundo do trabalho, o crescimento populacional, a migração e os impactos ambientais. Nesse sentido, suas práticas se tornam um meio de conexão sobre o que é aprendido na escola com a realidade do aluno, fazendo-o compreender como a cidade funciona e evolui.
Neste post, vamos compartilhar um conjunto de aulas de forma resumida, que ocorreram no 5º ano do Ensino Fundamental, ministrada por Alessa e Dayane. Ao todo foram 16 horas/aula para tratar dos temas: extração vegetal e mineral, o processo de urbanização, degradação e conservação da Mata Atlântica. Um dos objetivos propostos foi o de proporcionar uma aula de campo, na qual a criança pudesse observar e vivenciar os conteúdos na vida real. A proposta foi de integrar as práticas pedagógicas a uma experiência de aprendizado enriquecedora e significativa para ir além dos limites da sala de aula.
Uma prosa sobre as aulas...
O conteúdo trabalhado foi extrativismo vegetal e mineral. Dentro dessa temática, foi possível planejar um conjunto de aulas e entre elas, uma aula de campo, na qual as crianças puderam observar parte dos conteúdos trabalhados em sala presentes no cotidiano da cidade. Apresentaremos apenas um resumo das atividades, destacando as mais interessantes.
A primeira aula, teve início com imagens sobre o bioma da Mata Atlântica e o processo de desmatamento. Foi também apresentado um mapa comparativo sobre a cobertura da Mata Atlântica no início da colonização do Brasil e o processo desmatamento.
Durante a exposição das imagens as estagiárias instigaram os alunos, por meio de questionamentos, a respeito de suas percepções sobre o tema proposto. Diante das respostas, hipóteses levantadas e a leitura de um texto, foi possível fazer reflexões e ampliar os conhecimentos das crianças a partir de informações científicas. As crianças localizaram o estado e a cidade a que pertencem, fazendo um comparativo da presença do bioma nos dois mapas. Fonte: própria do site
No segundo momento, foi entregue uma reportagem de jornal sobre a problemática do desmatamento da Mata Atlântica. A partir da leitura, ampliou-se a discussão por meio de perguntas direcionadas para a realidade das crianças, como: Retiram-se as árvores para fazer o quê? O quê dentro da sala de aula é feito de madeira? O quê na sua casa é feito de madeira? Como chama esse processo de extrair a matéria-prima da natureza para se fazer produtos e objetos presentes em nossa sociedade?
Para problematizar a temática foram feitos outros questionamentos: qual a importância das florestas/árvores para a humanidade? Qual o impacto da devastação das matas e florestas para a humanidade? Na sua opinião, será que existe devastação em outros lugares no Brasil e no mundo, como anda essa situação? É possível recuperar parte das áreas devastadas? Como forma de pensar criticamente a respeito da ação do homem em relação a natureza e reforçar a importância da questão ambiental, foi mostrado o vídeo do cientista Ernest Götsch e a recuperação da Mata Atlântica, na Bahia.
Fonte: Globo Rural (2018).
Ao término do vídeo, as crianças foram questionadas sobre a ação do homem tanto para degradar a natureza quanto para preservá-la. Por que a Mata Atlântica diminuiu tanto ao longo da história do Brasil? O que é possível fazer para promover menos impactos ambientais nas florestas? Com o intuito de trazer o tema para o lugar de vivência da criança, foram feitos outros questionamentos. Em Londrina tem ou teve Mata Atlântica? Quais são os espaços em Londrina que preservam um pouco a Mata Atlântica?
Após esse diálogo, foram apresentadas algumas das características da Mata Atlântica, entre os aspectos mencionados foi dado ênfase a algumas espécies de árvores nativas do bioma (Cedro, Peroba Rosa, Peroba Branca, Pau-ferro, Pau Marfim, Jambolão, Canelinha e Cajarana). Dividiu-se a sala em grupos, cada grupo recebeu uma amostra de uma espécie de árvore da Xiloteca. Em posse desse material, as crianças puderam manusear, observar e sentir a textura, o cheiro, as cores das várias espécies nativas da Mata Atlântica, pesquisar sobre as árvores e montar um pequeno livro ilustrado. Estaremos compartilhando mais detalhes sobre a atividade no próximo post.
Num outro encontro, foi organizada uma atividade de campo no centro da cidade, que era perto da escola e pudemos ir a pé, observando como é organizado o entorno da escola e a dinâmica da cidade. Durante o roteiro as crianças puderam perceber a presença de resquício de Mata Atlântica presente no bosque localizado no centro da cidade, identificar espécies nativas e exóticas. Observar o Pau-Brasil presente em uma das praças próximas ao bosque. Refletir sobre o processo de urbanização, os impactos ambientais e a presença da natureza nos espaços urbanos.
Fonte: própria do site
Pode-se observar a pavimentação antiga feita de paralelepípedos, composta de rocha de natureza vulcânica. O revestimento em "petit pavé" ou "calçada portuguesa", composta por pequenos pedaços de rochas de diferentes origens e formando belas imagens em mosaico. O que possibilitou introduzir o próximo conteúdo que foi a extração mineral.
A riqueza de uma atividade de campo está na possibilidade de vivenciar o conteúdo "ao vivo" e aproveitar a possiblidade de perceber a complexidade do espaço urbano. A criança tem uma capacidade limitada para fazer reflexões, mas poder observar na dinâmica da cidade a multiplicidade de conteúdos presentes, de forma entrelaçada e instigar sua curiosidade e percepção, pode ser algo muito significativo e contribuir para a compreensão dos conteúdos.
Ao retornar a sala de aula, as crianças fizeram a representação da atividade de campo realizada.
Fonte: própria do site.
Compartilhamos com você esse conjunto de aula de forma bastante resumida, ressaltamos a importância de aproveitar a escola e o seu entorno. Esse olhar atento ao que está em volta da escola possibilita ao professor enriquecer as aulas e torná-las muito mais interessantes e capazes de engajar os alunos com mais qualidade nas atividades escolares.
Esticando a conversa ...
Para aprofundar um pouco mais a nossa conversa, segue uma sugestão de leitura que vai abordar a cidade como espaço educador. Como sempre dizemos, não existe uma única forma de trabalhar qualquer temática no ensino de geografia, o/a professor(a) pode fazer adaptações de acordo com suas possibilidades e necessidades.
Boa leitura!
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